Religiosidade, memória e possibilidades ditam 'Oração para desaparecer' - Pensar - Estado de Minas

As primeiras explicações vêm de seus salvadores. As mais importantes dizem que sua chegada já estava prevista e que ela faz parte do que chamam de ressurrectos, “pessoas que iam morrer, mas que por um triz escaparam e voltaram à vida em outro lugar”.

Esse último aspecto é perceptível ao longo de toda a obra (especialmente no que diz respeito aos Tremembés e à geografia) e é capaz de proporcionar uma imersão ainda maior por parte dos leitores. Um exemplo bastante interessante é o do fato que ins

Vazio e silêncio em “Brancura”: livro de Jon Fosse, ganhador do Nobel, é lançado no Brasil

Brancura, livro do recém-laureado com o Nobel de Literatura, Jon Fosse, chega em breve ao Brasil pela Fósforo Editora, com tradução de Leonardo Pinto Silva. Com produções consideradas intimistas, o norueguês costuma abordar a angústia em suas obras, além de explorar a introspecção, o silêncio e aquele tipo de absurdo que consagrou o teatro de Beckett e Ionesco. Aliás, vale dizer, Fosse também é um dramaturgo bastante prestigiado, com dezenas de peças encenadas no mundo todo.

Após se perceber is

“O Exorcista”: as principais diferenças entre o clássico de 1973 e o livro que deu origem ao filme

Embora o roteiro também tenha sido escrito por William Peter Blatty, longa apresenta algumas alterações importantes na história

Desde que foi anunciado, O Exorcista: O Devoto tem gerado muitas expectativas, especialmente depois da divulgação de trailers e comentários de profissionais envolvidos na produção. O filme é dirigido por David Gordon Green (de Halloween Kills e Halloween Ends) e conta a história de duas meninas, Angela (Lidya Jewett) e Katherine (Olivia O'Neill), que desaparecem em uma

Dona da própria narrativa - Rascunho

Em meio a traumas e violências que parecem apontar para o eterno retorno, Helena, protagonista de História para matar a mulher boa, de Ana Johann, aos poucos encontra a coragem para confrontar a realidade e, enfim, fazer o que deseja. Para isso, precisa enfrentar um inconsciente capaz de sabotar várias de suas tentativas, já que se livrar dos ensinamentos de uma família conservadora, da culpa imposta pela religião e, sobretudo, da brutalidade do machismo não é tarefa fácil.

Já nas primeiras pág

Micheliny Verunschk e Marcelo Labes abordam violências do Brasil

Um crime brutal cometido por uma família de fanáticos religiosos e a descoberta de documentos sobre a Segunda Guerra Mundial, a ditadura militar e o integralismo são os respectivos pontos de partida dos novos livros de Micheliny Verunschk e Marcelo Labes. Além de bem escritas, as obras têm em comum as temáticas ligadas à violência, especificamente aquela impulsionada pelo avanço de pautas conservadoras no Brasil.

Em “Caminhando com os mortos” (Companhia das Letras), Micheliny Verunschk conduz l

Caixas do cotidiano pandêmico - Rascunho

A caixa aberta por Ana Paula Pacheco em Pandora é ainda mais ampla e difusa que a da mitologia grega. Abarca o cotidiano e o fantástico em um só tempo-espaço, numa narrativa em que o caos é utilizado como representante da potência e da assertividade.

O livro da autora de A casa deles e Ponha-se no seu lugar! é um excelente exemplo do quanto o romance experimental exige planejamento, técnica e uma justificativa para ser o que é. Não por acaso, a obra já demonstra ser provocativa e sedutora no pa

A busca de si mesmo – Rascunho

A busca por origens e a reinvenção de si mesmo são temas repletos de potencialidades e desdobramentos, sobretudo quando abordados de forma original, como faz o experiente autor Miguel Sanches Neto em Inventar um avô.

Desde as primeiras páginas, o romance foge da previsibilidade, ao apresentar três irmãos batizados com o mesmo nome — Antônio — numa homenagem feita ao avô paterno, sobre o qual pouco sabem a respeito.

O trio mora com a mãe em uma casa no Sul do país e vivencia uma dinâmica famili

No centro e fora do espelho – Rascunho

O Nobel de Annie Ernaux e a passagem da autora pelo Brasil, no ano passado, parecem ter contribuído para reacender nos leitores o interesse pela autoficção. E não é para menos: além da escrita concisa e da capacidade de explorar com sensibilidade temas complexos, a francesa recorre a um tom confessional que convence, provoca e instiga. Ao fim de cada obra, as perguntas a respeito do que é verdade e o que é ficção passam pela cabeça de muitos, embora outros defendam que isso, na verdade, pouco im

O som enérgico da ausência – Rascunho

A criatividade e as extravagâncias de músicos, sobretudo os dos anos 1980, se mantêm como uma rica fonte para páginas de livros, tanto os biográficos quanto os ficcionais. As tramas movidas a álcool, drogas e ataques de estrelismo têm um espaço fixo, praticamente incontestável, em livrarias e bancas de revista.

Se mesmo os artistas do clichê “minha vida é um livro aberto” despertam tanta curiosidade, o que esperar de uma cantora de sucesso da qual pouco se sabe a respeito? Essa é a primeira das

Universo onírico – Rascunho

Caminhar por uma obra de Carola Saavedra é sempre uma delicada surpresa. A consagrada autora de Flores azuis (2008) e Com armas sonolentas (2018) parece ter construído um universo ficcional próprio, em que múltiplas narrativas se alinham, ainda que seus romances não estejam ligados entre si.

Há em alguns de seus principais personagens a busca por uma autocompreensão tão subjetiva quanto inalcançável. A escritora sabe disso. E, assim, evita soluções prontas ou epifanias transgressoras que só exi

A dor de olhar para trás – Rascunho

Para além da tristeza e do desamparo, o luto é capaz de proporcionar, em muitas das vezes, um olhar mais aguçado e provavelmente mais crítico a respeito da pessoa que se foi. A angústia dá lugar a novas percepções e as origens de traumas podem, enfim, ser encaradas de maneira crua, embora não menos dolorosa.

É esse olhar corajoso para o passado que Memória de ninguém, romance de estreia de Helena Machado, proporciona com bastante maturidade, em uma narrativa envolvente e bem estruturada.

Na hi

Novo romance de Rogério Pereira abraça a realidade para construir e fortalecer os laços entre mãe e filho

A narrativa carrega uma atmosfera urgente e claustrofóbica, construída com frases curtas e reforçada por palavras que fogem, a todo custo, do eufemismo. O personagem-narrador não tenta se enganar sobre a morte iminente da mãe, nem suaviza a difícil rotina de cuidar de alguém em estado terminal. Assim, ao recorrer com naturalidade às verdades raramente ditas, o romance abraça a realidade para construir e fortalecer os laços entre mãe e filho.

Faz tudo isso de forma verdadeira e totalmente entreg

“O barulho do fim do mundo”, de Denise Emmer, caminha entre a linguagem poética e a violência cotidiana

Em seu primeiro romance, O barulho do fim do mundo, a escritora Denise Emmer mostra que tem na prosa a mesma potência que a consagrou na poesia. A obra, publicada pela Bertrand Brasil, apresenta uma narrativa concisa em que o realismo mágico caminha com naturalidade entre a leveza onírica e a violência cotidiana desde as primeiras páginas.

“O barulho do fim do mundo” é uma narrativa corajosa e repleta de metáforas bem construídas sobre abusos, negligência e machismo. É um romance de estreia mem

André Dahmer transforma algoritmo em personagem

Após fazer bastante sucesso com séries de tirinhas como Quadrinhos dos anos 10, Malvados e Vida e obra de Terêncio Horto, o quadrinista André Dahmer tem abordado, em seus trabalhos mais recentes, a relação das pessoas com a internet, sempre com a acidez que marca o seu trabalho.

As tirinhas abrangem diversos tópicos da atualidade, alguns em evidência e outros ainda pouco discutidos. Há espaço, por exemplo, para fake news, clickbait, espionagem cibernética, engajamento e autopromoção.

Na série,

Titãs: os trabalhos de Arnaldo Antunes e Tony Bellotto na literatura

Fora dos palcos, integrantes da icônica banda brasileira também têm destaques no campo da literatura

A turnê Titãs Encontro, em celebração às quatro décadas dos Titãs tem sido um dos acontecimentos mais importantes da música brasileira nos últimos anos. No palco, Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellottoemocionam os fãs com sucessos que vão dos hits enérgicos do álbum Cabeça Dinossauro até momentos mais tranquilos proporcionados por ca

O que esperar da versão remasterizada de Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída

Sucesso mundial nos anos 80, o filme Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída voltou às telonas brasileiras no dia 28 de julho, em uma versão remasterizada, distribuída pela A2 Filmes.

Lançada há 40 anos, a produção alemã dirigida por Ulrich Edel é marcada pela trilha sonora de David Bowie e por uma interpretação corajosa e convincente de Natja Brunckhorst, atriz que dá vida à protagonista.

A trama se passa em Berlim, nos anos 70, e foca na trajetória de uma adolescente que se envolve

A crítica ao consumismo em "Clube da Luta" e "Psicopata Americano"

Lançados num intervalo pouco maior que um ano, Clube da Luta (outubro de 1999) e Psicopata Americano (dezembro de 2000) são filmes com camadas muito mais profundas do que aparentam quando nos deparamos com suas sinopses.

Não se tratam, respectivamente, de homens que extravasam a raiva em brigas clandestinas nem de um assassino em série que ainda tenta entender o que desperta o seu desejo por sangue. As duas histórias vão muito além disso e colocam o consumismo no centro de importantes discussõe

A filosofia em Sandman, de Neil Gaiman

Em meio a tantas obras notáveis do autor britânico Neil Gaiman, talvez Sandman seja a mais completa delas, inclusive do ponto de vista filosófico. Ao longo de 75 revistas em quadrinhos (até agora!), divididas em 10 arcos, conhecemos um universo rico em mitologias, referências e reflexões acerca de grandes temas da humanidade.

A história tem como protagonista o Sonho, que ao lado de seus irmãos (Destino, Morte, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio) forma o grupo dos Perpétuos.

A narrativa é

O niilismo em Rick and Morty

Assim como o existencialismo, o niilismo não possui apenas filósofos como porta-vozes. Sua essência pode ser facilmente encontrada em diversas esferas, desde a literatura até o cinema, passando também pelos quadrinhos e até mesmo desenhos.

Dentre tantas definições sobre o niilismo, a de André Cancian, em seu livro “O Vazio da Máquina” (2007) é bastante certeira ao dizer que “É possível que, por meio do pensamento, ao compreendermos nossa condição, venhamos a entrar num estado de luto pela ‘mort

5 filmes incríveis para conhecer a obra de Martin Scorsese

Considerado um dos grandes cineastas da Nova Hollywood – importante movimento cinematográfico que surgiu nos Estados Unidos nos anos 70 –, Martin Scorsese é o responsável por um número significativo de clássicos da sétima arte, desde aventuras como A Invenção de Hugo Cabret (2011) a suspenses psicológicos como Ilha do Medo (2010).

Seus filmes somam diversos prêmios, inclusive um Oscar de melhor diretor por Os Infiltrados, de 2006. Também se sobressai como diretor de documentários, sendo aqueles

“coringa” faz jus a um dos maiores vilões da dc

Quem gosta do lado sombrio da DC - especialmente nos quadrinhos - não se decepcionará com Coringa, filme do diretor Todd Phillips, lançado nessa quinta-feira, 3 de outubro. Ao invés de um experiente criminoso, a narrativa acompanha Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), um palhaço com transtornos mentais e uma síndrome que faz com que ele tenha frequentes gargalhadas (a maioria delas em momentos bem inadequados).

A vida de Arthur em ruínas reflete com precisão o momento atravessado pela cidade de Goth

Cinco filmes essenciais para conhecer o cinema de Bergman

Dentre os meus cineastas favoritos, o sueco Ingmar Bergman ocupa posição de destaque, por conta de seus filmes originais, introspectivos e ricos em simbolismos, especialmente para o campo da psicanálise. Sua extensa carreira cinematográfica é marcada por excelentes roteiros, ótimos diálogos e profundas reflexões filosóficas.

Muito disso também aparece em suas entrevistas publicadas em diversos veículos pelo mundo todo. Algumas delas estão no excelente livro O cinema segundo Igmar Bergman, lança
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